Traduzido para 25 línguas e com mais de um milhão de exemplares vendidos, 1001 filmes para ver antes de morrer inclui obras de mais de 30 países e revela o que há de melhor no cinema de todos os tempos. Mais de 50 críticos consagrados selecionaram 1001 filmes imperdíveis e os reuniram neste guia de referência para todos os apaixonados pela sétima arte.

Ilustrado com centenas de cartazes, cenas de filmes e retratos de atores, o livro traz lado a lado as obras mais significativas de todos os gêneros - de ação a vanguarda, passando por animação, comédia, aventura, documentário, musical, romance, drama, suspense, terror, curta-metragem ficção científica. Organizado por ordem cronológica, este livro pode ser usado para aprofundar seus conhecimentos sobre um filme específico ou apenas para escolher o que ver hoje à noite. Traduzido para 25 línguas e com mais de um milhão de exemplares vendidos, "1001 filmes para ver antes de morrer" inclui obras de mais de 30 países e revela o que há de melhor no cinema de todos os tempos.
É claro que eu, amante das duas coisas Sétima Arte e Listas , não podia deixar passar a oportunidade de trazer para vocês a lista dos filmes e os respectivos links na nossa querida mulinha que vai trabalhar sem parar por um bom tempo...rsrsrs
Lembrem-se que as datas e traduçoes dos títulos dos filmes segue a lista do livro e não do IMDb.
Sempre que necessitarem de fontes na mula é só solicitar. Abraços a todos.

NOSSOS DIRETORES

domingo, 31 de julho de 2011

529. A LONGA CAMINHADA (1971)

Image Hosted by ImageShack.us

Image Hosted by ImageShack.us

Image Hosted by ImageShack.us



Duas crianças são abandonadas pelo pai louco que, pouco antes de se suicidar, tenta matá-las em meio a uma região desabitada do deserto australiano. À mercê do destino e com poucos recursos para sobrevivência, o garoto e a menina passam a ser auxiliados por um aborígene, que vive sozinho pelo deserto para cumprir um ritual de sua tribo.

Crítica
"O inglês Nicolas Roeg iniciou sua carreira como operador de câmera e, posteriormente, diretor de fotografia. Conhecendo-se essa experiência anterior, evidencia-se o grande apuro visual de sua filmografia como diretor e esse Walkabout é simplesmente deslumbrante, com imagens magníficas das paisagens australianas. Além disso, a história baseada no conflito entre natureza e civilização é muito bem contada e foge da obviedade quando o diretor sensatamente opta por não tomar partido."

"A cena mais representativa do longa-metragem independente “A Longa Caminhada” (Walkabout, Inglaterra, 1971) é um excelente exemplo da técnica inovadora de montagem por associação, desenvolvida pelo diretor Nicolas Roeg. Ela mostra um aborígine, personagem fundamental na trama, matando e esquartejando um canguru. Enquanto o habitante do deserto australiano corta a carne em pedaços, Roeg insere imagens de um açougueiro tratando carne em uma cozinha moderna, grande e equipada. Como várias outras existentes no longa, é uma seqüência sangrenta e violenta, capaz de afastar espectadores mais sensíveis. Também é uma amostra pequena, mas valiosa, do cinema inventivo, original e instigante do cineasta inglês.

Esta cena é importante porque exemplifica o estilo elíptico e fragmentado que Nicolas Roeg usa para contar a história. Além disso, também encapsula perfeitamente o tema principal do filme: o uso dos instintos como única forma possível de comunicação entre pessoas que integram culturas radicalmente distintas. Ao alternar imagens de moradores do deserto e da cidade grande realizando a mesma ação (o que difere é apenas o grau de tecnologia utilizado por cada cultura para fazê-lo), Roeg afirma que certos aspectos da condição humana são universais, e independem tanto da linguagem quanto da técnica. No decorrer do filme, contudo, o diretor se mostrará pessimista quanto às possibilidades de comunicação entre membros de culturas distintas.

Sob este aspecto, “A Longa Caminhada” observa a linguagem como fator limitador da condição humana. O filme acompanha dois irmãos da cidade grande, uma adolescente (Jenny Agutter) e uma criança (Luc Roeg, filho do diretor), perdidas no escaldante deserto australiano. Os dois são abandonados lá pelo pai, em um tresloucado ato suicida no começo do filme – o homem põe os meninos no carro, dirige até o meio do deserto e, durante um piquenique aparentemente inocente, começa a disparar tiros nos dois, suicidando-se e tocando fogo no veículo logo depois. Os garotos escapam apenas com a roupa do corpo. Estão longe da civilização, e não sabem quanto tempo conseguirão sobreviver naquele terreno esturricado e salpicado de rochas, que se estende além da linha do horizonte.

Eles serão salvos por um adolescente aborígine (David Gulpilil). O rapaz de pele escura está na transição para a idade adulta e, seguindo um costume aborígine, tem que vagar sozinho pelo deserto por seis meses, para provar que pode sobreviver sem depender de ninguém (o ritual explica o título do filme). O aborígine não entende inglês, e os dois irmãos não falam a língua dele, mas o instinto de sobrevivência os obriga a encontrar uma maneira de se comunicar. A câmera de Roeg acompanha a jornada do trio sem qualquer traço de complacência, sentimentalismo ou pieguice. A viagem é marcada por imagens duras de uma natureza bela, mas indiferente e implacável, emolduradas por uma sensualidade latente que permeia a relação sem palavras entre o aborígine e a garota branca.

“A Longa Caminhada” foi o primeiro longa-metragem de Nicolas Roeg, então já um veterano diretor de segunda unidade e fotógrafo. Produção independente filmada quase sem orçamento e mal distribuída nos anos 1970, o filme permaneceu cult durante muitos anos, mas angariou um séqüito fiel de fãs. A história já traz as marcas que funcionariam como assinatura da obra de Roeg: experiências ousadas na montagem, não apenas eliminando trechos da continuidade da ação no tempo e no espaço (como fazia Godard), mas criando metáforas visuais ao associar duas ações distintas, muitas vezes se passando em épocas e locais diferentes. A cena citada no primeiro parágrafo é um bom exemplo. Outro aparece numa seqüência particularmente criativa, quando o menino branco (nenhum personagem tem nome) conta uma história da carochinha ao aborígine, e Roeg usa um efeito de folhear – como uma página de livro sendo virada – como elemento de ligação entre cada tomada dos dois caminhando sob o sol.

Lindamente fotografado, o filme é repleto de imagens de animais do deserto – cangurus, pássaros, cobras, escorpiões, lagartos – mas não olha a natureza com afeto. “A Longa Caminhada” não é Animal Planet, Discovery Channel ou “A Lagoa Azul”. Não existe qualquer traço de sentimentalismo ou melodrama. Muitas das imagens da natureza mostram animais sendo mortos ou engolidos por outros. As cenas apenas reforçam a mensagem de que, quando despido da cultura e reduzido a lutar pela sobrevivência, que é exatamente a situação dos dois irmãos, o homem perde toda e qualquer vantagem que possui sobre os outros animais, pois sobra apenas aquilo que o liga aos outros bichos: o instinto de sobrevivência.

A reflexão de Roeg sobre a dualidade cultura/instinto não tenta defender uma tese. O diretor conduz a trama elíptica rumo a um choque de culturas que se traduz, na prática, em permanente tensão sexual entre aborígine e garota. Observe que esta tensão é amplificada pelos códigos de comportamento inscritos na cultura de cada povo. Como o rapaz não se enquadra nos padrões de beleza masculinos dos brancos, a mulher não se interessa. Na verdade, nem o vê como homem, pois fica nua na frente dele sem qualquer constrangimento. Sem reconhecer a humanidade nele, ela não se esforça para superar o empecilho da linguagem e compreendê-lo.

O irmão menor, contudo, ainda não foi condicionado pela cultura. Ele é curioso, e contorna o problema da linguagem sem grande esforço. O filme sugere que as crianças, por não terem conseguido desenvolver plenamente os laços com a cultura dominante, conseguem se adequar mais rapidamente ao ambiente. O menino ainda não está inteiramente subordinado à linguagem. Consegue se comunicar sem palavras. Mais: ele tem verdadeira curiosidade sobre o outro, algo que a menina já perdeu. São reflexões livres que Roeg se permite fazer, sem se importar que com isso a narrativa se torne quase muda, e ainda mais elíptica.

“A Longa Caminhada” não chega a nenhuma conclusão sobre nenhum desses tópicos. A intenção de Roeg não é erguer uma tese sobre eles, mas apenas levantar um tema e tecer alguns comentários sobre eles, abrindo-os à discussão. Não é uma atitude típica de filmes comerciais, e talvez provoque rejeição na parte da platéia mais condicionada culturalmente às regras deste tipo de trabalho (curioso, aqui, o diálogo que a história narrada na tela estabelece com a relação entre filme e espectador), mas é precisamente esta característica que faz de “A Longa Caminhada”, afinal de contas, um filme tão original e tão perturbador."

por Roberto (fanfagu) em Cine-Cult Clássic

Premiações
- Indicado ao Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1971

Screens




Link ed2K
Walkabout.(1971).DVDRip.DivX3LM-SOUTHSiDE.avi


Legenda
Walkabout.(1971).DVDRip.DivX3LM-SOUTHSiDE.ptbr.srt

ou
Link Direto

528. JOGOS E TRAPAÇAS - QUANDO OS HOMENS SÃO HOMENS (1971)

Image Hosted by ImageShack.us



McCabe é um jogador fracassado, que descobre o lugar ideal para a construção de sua própria cidade. Mrs. Miller é uma cafetina que propõe sociedade ao homem, abrindo e agenciando um bordel no local. Quando a parceria parece estar dando certo, McCabe recebe a visita de criminosos ricos e poderosos, que lhe fazem uma oferta irrecusável, por bem ou por mal.

Crítica
O nome de Robert Altman desperta, em qualquer cinéfilo antenado, a imagem de um cineasta iconoclasta, que inventou e refinou continuamente uma estrutura narrativa diferente, centrada na noção do coletivo em detrimento do individual, em filmes de caráter eminentemente urbano. No entanto, a impecável filmografia do cineasta não se resumiu a produções com estas características, presentes nos clássicos “Nashville” (1975) e “Short Cuts” (1993). Um dos melhores exemplos de que Altman podia ser genial e transgressor, mesmo trabalhando fora de suas características habituais, está em “Jogos e Trapaças – Quando os Homens São Homens” (McCabe & Mrs. Miller, EUA, 1971), um drama de época naturalista, ambientado do Velho Oeste e encharcado de amargura e dor.
Quando embarcou na produção do longa-metragem, Altman já era um cineasta de sucesso. Ele acabara de assinar seu primeiro grande filme, a comédia de guerra “M.A.S.H.” (1970), e mudava radicalmente de ambiente. “Quando os Homens São Homens” foi uma grande produção – a equipe ergueu uma cidade cenográfica completa, com uma dúzia de casas, igreja, bar e bordel, tudo com interiores mobiliados. Além disso, dois dos maiores astros da época – o ator Warren Beatty e a atriz Julie Christie – viveram os protagonistas. Todos enfrentaram condições inóspitas, incluindo muita chuva e neve, com o objetivo maior de entregar ao público uma história de realismo absoluto sobre os tempos difíceis da conquista do Oeste.
“Quando os Homens São Homens” é legítimo representante do período mais importante do cinema independente norte-americano, quando uma nova geração de cineastas aportou em Hollywood e mudou a cara do cinema épico e melodramático que se fazia por lá. O faroeste de Altman tem um quinhão importante nesta mudança, pois rompe brutalmente com a tradição do western épico de John Ford e Howard Hawks. O Velho Oeste de Robert Altman despreza o visual idílico de outrora, com pradarias esverdeadas, desertos dourados de sol e tons crepusculares. Nada de glamour aqui. O Oeste de Altman é um lugar gelado e úmido, onde lama e neve grudam na canela e os caubóis, sujos e fedidos, bebem até cair e fumam ópio em salões apertados, como maneira de fugir da dura realidade em que vivem. Nesta terra de amargura e pesadelo, até mesmo caminhar é difícil – e permanecer vivo se revela algo bem mais complicado do que poderia parecer.
A produção acompanha o nascimento da cidade de Presbiteryan Church, ao lado de uma mina, numa região gelada e montanhosa da fronteira ao norte dos Estados Unidos, perto do Canadá. O ponto de vista é do jogador John McCabe (Beatty). Charuto na boca e pose de macho, McCabe chega ao vilarejo farejando oportunidade de ganhar dinheiro. Ali, onde só existem pé-rapados solteiros em busca de fortuna, um sujeito com um pé-de-meia modesto como ele é uma espécie de rei. A idéia de McCabe é comprar algumas escravas e montar um bordel para proporcionar diversão aos mineradores. O negócio só prospera mesmo, contudo, depois que a experiente prostituta Constance Miller (Christie) chega ao local e propõe sociedade a McCabe.
Mrs. Miller tem tino para os negócios e é pragmática ao extremo. Calejada pela vida difícil, ela não alimenta mais nenhum tipo de idéia romântica, para desespero de McCabe, que cai de quatro pela mulher, mas não tem a menos idéia de como lhe dizer isso. Semi-analfabeto e de modos rústicos, o jogador não possui nenhum tato com mulheres. “Eu tenho poesia em mim”, esbraveja ele diante do espelho, numa das seqüências mais tristes do filme. Ele não sabe, mas suas preocupações sentimentais logo ficarão pequenas, quando ele descobrir que uma traiçoeira empresa de seguros está achando que o negócio montado por McCabe tem futuro, mas não para ele.
Este é um caso raro de filme cuja estética naturalista complementa perfeitamente o tom amargo da narrativa. Tudo está no seu lugar em “Quando os Homens São Homens”: a fotografia escura e elegante de Vilmos Zsgmond capta com perfeição o estilo de vida rústico dos mineradores; os objetos cênicos são peças de museu verdadeiras e/ou construídas à maneira dos antigos pioneiros (observe como as casas de madeiras foram montadas sem o uso de pregos, que não existiam na época); e a música triste do trovador Leonard Cohen emoldura com perfeição a atmosfera lenta e melancólica do longa-metragem.
Para completar, os dois personagens principais desenvolvem uma relação complexa que vai muito além das palavras, e só se manifesta completamente através de sinais não-verbais, como olhares e trejeitos. Aqui, embora haja dois protagonistas evidentes e a estrutura narrativa gire sempre em torno deles, Altman demonstra grande interesse em mostrar a organização social da época, caprichando nas celas coletivas e capturando as conversas entre os mineradores da forma mais despojada possível. Além de tudo isso, o filme possui um epílogo fantasmagórico, que culmina com um dos tiroteios mais realistas jamais mostrados em qualquer faroeste. Em resumo, uma maravilha cinematográfica, e um dos grandes títulos assinados por Altman.
Por: Rodrigo Carreiro

Premiações
- Indicado ao Oscar de Melhor Atriz (Julie Christie)em 1972
- Indicado ao BAFTA de melhor Fotografia em 1973

Screens


527. A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE (1971)

Image Hosted by ImageShack.us

Image Hosted by ImageShack.us Image Hosted by ImageShack.us



Charlie Bucket (Peter Ostrum) é um menino pobre, que acha um dos cobiçados "bilhetes dourados" que dão direito a um carregamento vitalí­cio de chocolates Wonka, além de poder conhecer a misteriosa fábrica de chocolates. Ele e mais quatro crianças passeiam pelo lugar, mas Willy Wonka (Gene Wilder), o dono da fábrica, não é um tio gente-boa e sim uma figura manipuladora. As crianças, ao mesmo tempo em que mergulham de cabeça nos seus desejos, pagam um preço por isso, pois pensando melhor a analogia mais perfeita não é com a Terra de Oz, mas com o Jardim do Éden: encantador, mas território da serpente.

Curiosidades
- Este é o primeiro e último filme em que Peter Ostrum, intérprete de Charlie Bucket, atuou. Quando cresceu ele tornou-se veterinário.
- Quando foi lançado originalmente nos cinemas americanos, a responsável pela sua distribuição foi a Paramount Pictures. Porém, todas as exibições posteriores de A Fantástica Fábrica de Chocolate, seja ela na TV, em vídeo ou nos próprios cinemas, foram realizadas pela Warner Bros.
- Refilmado como Charly And The Chocolate Factory (2005).
- O filme foi um fracasso nas bilheterias, fazendo com que Dahl se negasse a vender os direitos autorais do livro Charlie and the Great Glass Elevator, que seria a sequência deste.
- Roald Dahl escreveu um esboço para uma futura adaptação de seu livro para o cinema, porém David Seltzer reescreveu o roteiro para o filme de Mel Stuart.

Crítica
Não li o livro original. Começo com essa sentença para alertar que não estarei apto a fazer correlações entre ele e o filme dirigido por Mel Stuart. Sei apenas, de leitura e opiniões de quem já leu e assistiu ao filme que há muitas diferenças entre ambos. Não importa! A Fantástica Fábrica de Chocolate (ou Willy Wonka and the Chocolate Factory no original) é um filme mágico. Um dos poucos filmes que consigo assistir várias e várias vezes sem me entediar. Todos os seus atos são praticamente perfeitos, e existem cenas inesquecíveis em cada um deles. Também não entrarei em questão alguma sobre o que existe por trás dos filmes. Há até hoje muita falação sobre o roteirista que não gostou da versão final, do autor que detestou o filme, enfim, isso não é o ponto em foco nesta crítica. Finalmente, não entrarei em comparações com a nova versão da história lançada recentemente.

Charlie é um menino muito pobre que vive com seus quatro avós e a sua mãe em uma casa caindo aos pedaços. É possível, em todos os momentos, sentir a dor da família, mas esta sempre se contrasta com a alegria e esperança de Charlie por um futuro melhor, digno. Ele tem fortes esperanças de trazer ao menos um pouquinho de alegria para seus familiares. Quando o grande e misterioso Willy Wonka promove um concurso que abrirá para cinco felizardos as portas de sua ainda mais misteriosa fábrica de chocolate, essa esperança acende-se mais forte do que nunca. A batalha não será fácil: sem dinheiro para comprar chocolates e procurar por um dos tickets premiados, Charlie é um mero espectador desse evento mundial. Seu professor (figura bizarra) caçoa dele por não ter comido centenas de barras de chocolate como todas as outras crianças - esta é a imagem da tristeza, quando começamos a sentir por Charlie e a torcer por seu personagem. E, quando o espectador importa-se com um personagem, ele vai se interessar muito mais pelo filme.

Todos os quadros apresentando as crianças premiadas (obviamente Charlie, por sorte do destino, acabará sendo uma delas) são únicos, possuidores de um humor cruel e adulto. Embora marqueteado até hoje como um filme infantil, apenas os mais crescidos, se lhe interessarem, poderão desfrutar das sutilidades que o roteiro apresenta, um estilo peculiar que se demonstra bizarro e cômico ao mesmo tempo. Mas ainda nem chegamos na fábrica de chocolates! É onde o magnífico Gene Wilder entra em ação, como Willy Wonka. Com uma cena de introdução meio que improvisada (uma cambalhota inesperada e estupidamente divertida), ele mostra, à princípio, ser uma figura amistosa e muito simpática. Claro que essa impressão inicial não durará para sempre...

As coisas vão ficando mais e mais estranhas quando as crianças entram na fábrica. Contratos esquisitos com linhas ilegíveis, salas com todos os objetos cortados pela metade, tiradas inteligentes e rápidas de Wonka, ironias para com as crianças mal-educadas e seus pais irresponsáveis. O filme, num todo, é uma grande lição de moral para os pais. No final a mensagem apresentada é lindíssima e consegue fugir da pieguice, ainda mais se considerarmos a época conturbada em que o filme foi realizado. Uma mensagem que hoje seria considerada simples e muito clichê, mas que encaixou-se como uma luva no filme.

A direção de arte é um caso que deve ser discutido à parte. Muitos a consideram simplesmente de mal gosto - isso nos dias atuais. Que nada! Ela é belíssima. Com recursos bem limitados e efeitos especiais quase que nulos, o filme ainda hoje apresenta um visual estonteante. Não é difícil soltar a imaginação e deixar-se levar pela idéia de você ser uma daquelas cinco crianças sortudas. A cada nova sala da fábrica que o grupo de visitantes adentra existem inúmeras surpresas, algumas esquisitas, algumas divertidas, algumas bizarras, algumas com nomes estranhos, com aparência estranha, com barulhos estranhos. Fica complicado não se repetir ao afirmar que é um grande e impressionante mundo mágico.

Os Oompas Loompas - trabalhadores da fábrica - são figuras assustadoras. Anões de pele laranja e cabelos verdes que gostam de cantar canções bizarras (mas estas até hoje permanecem na minha cabeça) e fazer acrobacias. Ao lado de Willy e da direção de arte, são o coração da fábrica e do filme. Visualmente são os elementos mais inesquecíveis e musicalmente, também.

O filme não apresenta um grande ponto falho, apenas alguns pontos relacionados ao roteiro são dúbeis. O avô de Charlie é um deles. Enquanto na superfície parece ser um simpático vovô, na realidade é um sujeito esperto que não pode ser considerado de forma alguma um grande exemplo de moral. Caído na cama durante anos, assim que Charlie consegue o ticket premiado ele pula e festeja como uma criança faria, inescrupulosamente. Do jeito que o fez, poderia estar trabalhando e ajudando sua família a pelo menos comer um pouco melhor. Na fábrica, ele incita Charlie a cometer um erro assim como todas as outras crianças estúpidas e burras fizeram, colocando Charlie no mesmo nível que elas, mesmo que de forma inocente. É um exemplo a ser analisado que não torna o filme inferior, apenas coloca em dúvida alguns pontos de sua moral inabalável - ou será que tal comportamento por parte do personagem é proposital? Isso significaria um nível a mais na camada de bizarrices do filme, o que de certa forma é algo muito, muito positivo.

Charlie é possivelmente o melhor filme infantil voltado para mentes adultas. Pode ser sim apreciado por crianças, mas só será totalmente aproveitado por adultos com um mínimo de esperteza e boa vontade. Embora já tenha mais de três décadas de vida, apenas algumas cenas aparentam ser tecnicamente datadas. Já seus personagens não - estão serão eternos enquanto durarem. Uma obra-prima e um filme imperdível, que merece ser adquirido em qualquer mídia possível para ter e ver e rever muitas vezes.

Por Alexandre Koball

Premiações
*Oscar (1972)
-Indicação na categoria de Melhor Trilha Sonora Original
*Globo de Ouro
-Indicação na categoria de Melhor Ator em Comédia ou Musical (Gene Wilder)

Screens




Link ed2K
Willy.Wonka.And.The.Chocolate.Factory.(1971).(Dual.PTBR.ENG).DVDRip.XviD.cd1-by.Poisonous.avi
Willy.Wonka.And.The.Chocolate.Factory.(1971).(Dual.PTBR.ENG).DVDRip.XviD.cd2-by.Poisonous.avi


Legenda
Willy.Wonka.And.The.Chocolate.Factory.(1971).(Dual.PTBR.ENG).DVDRip.XviD-by.Poisonous.ptbr.srt

ou
Link Direto

sábado, 30 de julho de 2011

526. LE CHAGRIN ET LA PITIÉ (1971)

Image Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.us



Envolvendo detalhes sobre a Segunda Guerra Mundial, o filme faz uso de arquivos e também de uma entrevista com um oficial alemão para tratar sobre xenofobia, anti- semitismo, o medo dos bolcheviques e razões para a sua colaboração com os planos de Hitler.

Crítica
Le Chagrin et la Pitié (1969), de Marcel Ophüls, é um documentário polémico, talvez o mais controverso que alguma vez foi feito sobre a Segunda Guerra Mundial. O filme descreve o quotidiano de uma localidade da França durante a ocupação nazi e aborda algumas questões que muitos franceses gostariam de ver esquecidas: o colaboracionismo, o anti-semitismo e os julgamentos sumários após a libertação. Ophüls aborda tudo isto com grande objectividade e sem preconceitos de qualquer espécie. Alemães e franceses, resistentes e colaboracionistas, todos têm igual oportunidade de falar e expor as suas razões. Porém, a objectividade não implica a total ausência de espírito crítico. Bem pelo contrário, o realizador afirma várias vezes a sua repulsa pelos crimes do regime de Vichy - por exemplo, quando confronta o genro de Laval com a realidade dos números da deportação. É este juste milieu entre rigor histórico e juízo crítico, entre serenidade e indignação, que faz de Le Chagrin et la Pitié uma obra tão notável, inteligente e especial.
por Flávio em Emma 49

Premiações
-Indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 1972
-Venceu o BAFTA de Melhor Programa de TV Estrangeiro
-Venceu o NYFCC Award na categoria de Special Citation, para o Melhor Documentário do Ano, em 1973

Screens


Link ed2K
Le.Chagrin.Et.La.Pitié.(1969).DVDRip.DivX5.cd1-by.SMK.avi
Le.Chagrin.Et.La.Pitié.(1969).DVDRip.DivX5.cd2-by.SMK.avi

Legendas
Sem Legendas até o Momento

525. LARANJA MECÂNICA (1971)

Image Hosted by ImageShack.us

Image Hosted by ImageShack.us

Image Hosted by ImageShack.us

Image Hosted by ImageShack.us Image Hosted by ImageShack.us Image Hosted by ImageShack.us

Image Hosted by ImageShack.us Image Hosted by ImageShack.us Image Hosted by ImageShack.us

Image Hosted by ImageShack.us Image Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.us




O anti-herói do filme é Alex DeLarge, um jovem líder de uma gangue de delinqüentes, amantes de leite drogado e música clássica. Tem por diversão bater, estuprar, matar... Enfim, cometer qualquer brutalidade que tenha vontade, não se importando com as leis ou o senso humanitário. Quando finalmente é pego pela polícia, sofre um tratamento duro de reabilitação. Quando Alex volta às ruas, totalmente regenerado, passa a sofrer com aqueles que antes eram as vítimas.

Premiações
*Oscar 1972 (EUA)
-Indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Edição.
*Globo de Ouro 1972 (EUA)
-Indicado nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Diretor, Melhor Ator - Drama (Malcolm McDowell.)
*BAFTA 1973 (Reino Unido)
-Indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia,
Melhor Direção de Arte, Melhor Edição e Melhor Trilha Sonora.
*NYFCC 1971 (EUA)
-Venceu nas categorias de Melhor Filme e Melhor Diretor.
*Italian National Syndicate of Film Journalists 1973 (Italia)
-Vencedor na Categoria de Melhor Direção em Filme estrangeiro.

Crítica
É difícil para as gerações mais novas compreenderem filmes como Laranja Mecânica em sua totalidade. Isto pelo simples fato de não terem acesso ou lembranças do impacto que o lançamento de obras como a de Kubrick causaram em suas épocas. O mundo era muito diferente quando Laranja Mecânica chegou aos cinemas e, de certa forma, o próprio cinema era muito diferente. Porém, conquanto muito tenha mudado desde então, estas obras conseguem manter-se atuais ao longo dos anos, em grande parte devido às suas mensagens atemporais. É essa longevidade que caracteriza um clássico.

Roteirizado pelo próprio Kubrick a partir da obra literária de Anthony Burgess, Laranja Mecânica segue a trajetória de Alex, um jovem morador de alguma cidade inglesa em um futuro próximo. Na companhia de seus amigos, ou drugues, como o chama, Alex tem o costume de praticar atos de violência, como estupro, espancamento e até assassinato por simples prazer. Porém, quando capturado pela polícia, Alex é submetido a um tratamento inovador que busca eliminar o instinto violento de criminosos como ele.

Laranja Mecânica tem mais de 30 anos de existência e, mesmo assim, conta-se nos dedos os filmes que conseguem ser tão completos quanto ele. Mais do que um impecável exemplo de utilização da técnica cinematográfica, Laranja Mecânica consegue levantar uma série de questões de cunho social e filosófico, constantemente indagando o espectador sobre diversos assuntos.

O roteiro brilhantemente construído por Kubrick é de uma riqueza impressionante. Pontuado por uma incômoda ironia, o cineasta apresenta um mundo que, superficialmente, difere em muito do nosso, mas traz em sua essência os mesmos valores e problemas que enfrentamos, tanto hoje quanto na época de lançamento no filme. Desta forma, ao situar a trama em algum ponto indefinido do futuro, Kubrick realiza uma espécie de sátira, repleta de humor negro, para transmitir sua contundente mensagem.

Ao contrário do que muitos já disseram, Laranja Mecânica não é um libelo contra ou mesmo a favor da violência. A trama do filme não se posiciona a este respeito, preferindo apenas mostrar que a violência é algo intrínseco ao ser humano e, por fazer parte de seus instintos básicos, não adianta reprimi-la.

Mas a trama não versa unicamente sobre a violência. Ao longo das mais de duas horas de produção, Kubrick encontra espaço para tocar em temas como a liberdade de cada pessoa dentro de uma sociedade ou mesmo a influência que o meio provoca sobre o indivíduo. Na primeira questão, Kubrick envereda por um assunto semelhante ao levantado pelo recente Minority Report: até que ponto pode-se ceder a liberdade em prol de um bem maior? Qual seria o limite? Em certo momento, um dos personagens afirma: “Quando um homem não pode escolher, deixa de ser homem”.

Mas tão importante quanto o que Laranja Mecânica tem a dizer é a forma como Kubrick diz. Assim toda obra do diretor, a narrativa é irrepreensível, contando com um requinte visual e um domínio da técnica cinematográfica que talvez ainda não tenha sido igualado por outro cineasta. Sabe-se que Kubrick era perfeccionista ao extremo e tal dedicação é percebida em cada instante de Laranja Mecânica.

Desde a impecável cena inicial com Alex olhando fixamente para a câmera ao final aberto a interpretações, Laranja Mecânica parece ter sido concebido com muita calma e preciosismo. A impressão que fica é a de que cada plano – e, conseqüentemente, cada gesto dos atores e objetos colocados em cena – foi exaustivamente estudado, ponderando a participação dos mínimos detalhes que aparecem na tela. Kubrick tem a capacidade de tirar o máximo de cada tomada. É a forma completando o conteúdo.

Assim, Laranja Mecânica possui seqüências brilhantemente concebidas e executadas, trazendo imagens que já se tornaram icônicas. Imagens como a de Alex no tratamento Ludovico, com os olhos arregalados, ou o espancamento ao som de Singin’ in the Rain ou Beethoven se tornaram parte do imaginário da cultura ocidental.

A música, aliás, como é comum nas obras de Kubrick, é parte essencial de Laranja Mecânica. O cineasta é capaz de encontrar a sinergia perfeita entre imagem e som, como fica claro nas cenas comentadas no parágrafo acima. Mais do que isso, em Laranja Mecânica a música ainda faz parte da história, uma vez que o personagem é devotado a Beethoven e fica proibido de escutar o mestre após passar pelo tratamento.

Sendo Laranja Mecânica um filme mais de história e forma do que de personagens, há pouco espaço para os atores brilharem. O único que recebe devido tempo em tela para isso é Malcolm McDowell, no papel de Alex, e ele encarna a oportunidade com grande devoção. Seu Alex passa pelos mais diversos estados de espírito e o ator transita entre as diversas mudanças com talento. Reparem na diferença entre o Alex do início do filme, o Alex da prisão e o Alex perdido, após a cena em que ele é recusado por seus pais quando volta para casa.

Polêmico (há uma cena em que o protagonista se imagina flagelando Cristo na cruz), Laranja Mecânica é um filme obrigatório de ser assistido. Certamente, nem todos irão gostar e menos irão entender tudo aquilo que Kubrick quis dizer com a obra. Esta, porém, é uma das grandes qualidades de Laranja Mecânica: além da técnica e da narrativa irrepreensíveis, o filme levanta muitas questões e é passível de múltiplas interpretações. Resta ao espectador tirar as suas.

Por Silvio Pilau em Cineplayers

“Laranja Mecânica expõe duas formas distintas de violência, cada qual com suas origens e conseqüências. Existe a violência do indivíduo, ancestral e intrínseca no ser humano quando não reprimida pela convivência social, e existe a violência do Estado, institucionalizada, amparada pela Lei e justificada pela manutenção do status quo e controle do coletivo. O filme de Kubrick trata destas duas formas dedicando a cada uma delas metade do filme”.
Jorge Ghiorzi

"Stanley era o grande mestre do cinema. Ele nunca copiou ninguém, ao passo que todos nós lutávamos por imitá-lo".
Steven Spielberg

Screens


Link ed2K
A.Clockwork.Orange.(1971).DVDRip.AC3.XviD.cd1-OS.iLUMiNADOS.avi
A.Clockwork.Orange.(1971).DVDRip.AC3.XviD.cd2-OS.iLUMiNADOS.avi


Legenda
A.Clockwork.Orange.(1971).DVDRip.AC3.XviD-OS.iLUMiNADOS.ptbr.eng.spa.srt

ou
Link Direto