Z (em Portugal Z - A Orgia do Poder) é um filme franco-argelino de 1969, dirigida por Costa-Gavras e baseado no romance homônimo de Vassilis Vassilikos.O filme se inicia com a advertência nos créditos iniciais de Costa-Gavras e Jorge Semprún que qualquer semelhança com eventos e pessoas da vida real não é coincidência - é intencional.
Suspense político, trata de fatos reais ocorridos em 1963 na Grécia. Em cenário político tenso, professor de medicina e deputado grego, um dos líderes da oposição esquerdista, organiza juntamente com correligionários Shoula, Matt e Manuel e o deputado George Pirou, uma reunião pela paz e contra a permissão de instalação de mísseis balísticos americanos em território grego. Com dificuldades, a reunião é realizada mas ao concluir sua fala, o deputado é atropelado e acaba morrendo dias depois. A polícia conclui que foi um acidente mas há indícios que levam o juiz de instrução a suspeitar da versão da polícia e aprofunda a investigação. Com ajuda indireta de um fotojornalista, e testemunhas como Nick, ele consegue revelar uma trama de membros do governo grego, como o general de polícia, o coronel da polícia, outros militares e Yago e Vago, os autores do crime. São todos indiciados mas as testemunhas morrem em circunstâncias estranhas e os envolvidos são condenados a penas leves. Pouco tempo depois os militares lançam um golpe militar. O novo regime persegue os aliados do deputado morto, o fotojornalista e o juiz de instrução. Proíbem comportamentos e assuntos como a matemática moderna, liberdade de expressão, e a letra z, em grego antigo significa "ele está vivo".
Premiações
*Oscar 1970 (EUA)
-Venceu nas categorias de melhor filme estrangeiro e melhor edição para Françoise Bonnot.
Recebeu ainda três outras indicações, nas categorias de melhor filme, melhor diretor e melhor roteiro adaptado.
*BAFTA 1970 (Reino Unido)
-Recebeu o prêmio Anthony Asquith de melhor trilha sonora para Míkis Theodorákis.
-Indicado nas categorias de melhor filme, melhor montagem e melhor roteiro.
*Globo de Ouro 1970 (EUA)
-Venceu na categoria de melhor filme estrangeiro.
*Festival de Cannes 1969 (França)
-Recebeu o Prêmio do Júri e o de melhor ator (Jean-Louis Trintignant).
-Indicado à Palma de Ouro.
*Prêmio Edgar 1970 (EUA)
-Venceu na categoria de melhor filme.
*NYFCC Award 1969 (EUA)
-Venceu nas categorias de melhor filme e melhor diretor.
Crítica
Z é um thriller político descaradamente maniqueísta. Os bons do filme são cavalheiros altruístas, dedicados, austeros, intelectuais e bonitões. Eles lutam por uma causa justa e erguem bandeiras pela democracia, pelo pacifismo e pela independência das nações. Os maus, por outro lado, são toscos, truculentos, cômicos e abraçam causas de direita unicamente por conta de interesses mesquinhos. Os maus preferem a ditadura, o anticomunismo, a xenofobia; no entanto, vão ao teatro ver o balé bolshoi e um deles é pederasta. Seriam as contradições expostas da direita tacanha que pratica o que critica? Z mostra um mundo polarizado: nobres cruzados da política elegante contra rudes defensores do status quo retrógrado. Será que o mundo é simples e raso assim? Então, porque considerar Z um filme de grande importância? Primeiro, porque é baseado em fatos reais, depois, porque a visão implícita nas lentes de Z é um produto da Guerra Fria que, por extensão, retrata também outras realidades políticas desse mundão de Deus.
O mundo não é raso nem bipolar, mas infelizmente, muitas pessoas tentam faze-lo assim, logo uma obra que retrata essa visão de mundo tem sua importância. Ainda lembro de quando assisti Z no cinema na década de 1980. O filme tinha sido recém-liberado no Brasil, depois de ficar proibido por anos em nossas telas pela censura da ditadura militar. Lembro que fiquei injuriado com a truculência dos direitistas, vibrei com as reviravoltas do filme e sai do cinema purificado pela sua esperança de superação das trevas pela luz. Naquela época, eu era universitário e acreditava no poder da mobilização das massas, etc, etc. Passados alguns anos, assisto Z com menos entusiasmo, mas com o devido respeito, talvez por saber que os bons não são tão bons assim, principalmente depois que assumem o poder e que o maniqueísmo é uma fonte inesgotável de atrocidades.
Costa-Gavras tem um estilo próprio e polêmico de fazer cinema político. Sua técnica consiste em transformar a questão política em um thriller de ação. Em Z, a fórmula foi aplicada com perfeição. O objetivo do filme é mostrar o autoritarismo bronco da política grega da década de 1960. A morte de um político de oposição é investigada por um magistrado que leva à risca a sua função de encontrar culpados, sejam eles quem forem. O filme se divide em três partes: na primeira, temos os antecedentes da tragédia. Vemos um grupo de políticos de oposição que preparam uma manifestação pacífica serem boicotados pelos poderosos locais. Na segunda parte, repleta de cenas de tensão em meio a confrontos de rua, ocorre o crime. É nessa parte que Helene (Irene Papas), esposa da vítima, faz sua parte que é mostrar como a truculência política alcança e arrasa o indivíduo. Na terceira etapa, temos a investigação. O promotor do caso, que aparentemente foi escolhido para não causar problemas para as autoridades, mostra uma desenvoltura que nos leva gradativamente ao entusiasmo à medida que percebemos que dessa vez o caso não vai terminar em pizza. É uma delícia acompanhar o intrépido magistrado desmascarando os canalhas e ver, no final, os milicos entrando pelos canos. Infelizmente, a realidade é duríssima e o que sobra no final são apenas exemplos e promessas. Para quem pensava ser impossível fazer um thriller político, está aí. Z é um filme dos velhos tempos em que era possível distinguir os .bons dos maus na política.
por Radamés Manosso em Só os Melhores
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