Traduzido para 25 línguas e com mais de um milhão de exemplares vendidos, 1001 filmes para ver antes de morrer inclui obras de mais de 30 países e revela o que há de melhor no cinema de todos os tempos. Mais de 50 críticos consagrados selecionaram 1001 filmes imperdíveis e os reuniram neste guia de referência para todos os apaixonados pela sétima arte.

Ilustrado com centenas de cartazes, cenas de filmes e retratos de atores, o livro traz lado a lado as obras mais significativas de todos os gêneros - de ação a vanguarda, passando por animação, comédia, aventura, documentário, musical, romance, drama, suspense, terror, curta-metragem ficção científica. Organizado por ordem cronológica, este livro pode ser usado para aprofundar seus conhecimentos sobre um filme específico ou apenas para escolher o que ver hoje à noite. Traduzido para 25 línguas e com mais de um milhão de exemplares vendidos, "1001 filmes para ver antes de morrer" inclui obras de mais de 30 países e revela o que há de melhor no cinema de todos os tempos.
É claro que eu, amante das duas coisas Sétima Arte e Listas , não podia deixar passar a oportunidade de trazer para vocês a lista dos filmes e os respectivos links na nossa querida mulinha que vai trabalhar sem parar por um bom tempo...rsrsrs
Lembrem-se que as datas e traduçoes dos títulos dos filmes segue a lista do livro e não do IMDb.
Sempre que necessitarem de fontes na mula é só solicitar. Abraços a todos.

NOSSOS DIRETORES

domingo, 18 de abril de 2010

322. O INVENCÍVEL (1957)

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Segundo filme da Trilogia de Apu ( O Primeiro é A Canção da Estrada)
Após a morte do pai e de viver algum tempo em Benares, o jovem Apu, de dez anos, muda-se com a mãe para casa de um tio. Apu frequenta a escola local onde é um bom aluno, ao ponto de receber uma bolsa de estudo para ir estudar para Calcutá. Apu decide partir. A mãe fica angustiada com a sua partida e com a sua crescente independência. Ela ama muito o filho e pretende o seu sucesso, mas não quer ficar sozinha.

Crítica (Trilogia)
O que acho de mais legal no meu fascínio por filmes é que, de vez em quando, esbarro com coisas surpreendentes, seja pelo lado positivo como pelo lado negativo. Existem algumas obras cinematográficas que se mantêm intactas sobre um altar imaginário, em que críticos do mundo inteiro costumam borrifar soluções multiuso e dar leves toques de espanador, tudo com muito zelo e atenção, como se fossem bibelôs do mais fino cristal, de beleza irretocável. Há quem faça cara de desdém para tais objetos de admiração, tentando desvendar "o que tem de tão belo naquilo tudo". Isso também acontece muito comigo (aliás, acontece com todo mundo). Existem, porém, aquelas obras das quais dificilmente um ser vivo, em sã consciência, se atreveria a falar mal. Obras cuja força e impacto são de tamanha intensidade que ninguém (ou quase ninguém) conseguiria cometer a injustiça de apontar defeitos. Isso, naturalmente, ocorre mesmo na literatura, na música e em qualquer meio de expressão artística, mas, como estou focado a discutir cinema por aqui, falo de minhas descobertas “fílmicas” e só.

Já fazia alguns anos que eu estava tentando assistir à famosa saga do personagem Apu, dirigida pelo indiano Satyajit Ray. Sempre escutara elogios pra lá de rasgados acerca dos três filmes que a compõem — A Canção da Estrada, O Invencível e O Mundo de Apu —, aumentando ainda mais minha curiosidade cinéfila. "Se todo mundo diz que é bom, então deve ser mesmo", imaginava eu. As referências eram excelentes: o primeiro filme da trilogia ganhara um importante prêmio no Festival de Cannes, o segundo, o Leão de Ouro em Veneza; Satyajit Ray foi escolhido pela British Film Academy como um dos dez maiores cineastas de todos os tempos; a Trilogia Apu completou inúmeras listinhas de "melhores filmes do século 20" (ah, como adoro essas listinhas!), etc. Só poderia esperar coisa boa, não? Eu só tinha visto um único filme dele — O Salão de Música, que achei ótimo, apesar de não ter gostado nem um pouquinho das lamuriosas canções hindus (obs: é um musical) —, sendo, portanto, minha única referência de comparação. De qualquer modo, conforme minhas leituras prévias, eu poderia relaxar e esquecer todo o lance musical, pois o “Projeto Apu” era, na verdade, um drama social.

Quando finalmente pude conferir os longas, um atrás do outro, constatei o seguinte: eu tinha acabado de assistir a uma das maiores maravilhas do cinema. Era tudo verdade, os críticos estavam certos. A sensibilidade com que Satyajit radiografa seu herói, a cada fita de um modo integralmente novo, chega a ser comovente. Apu é um menino que vive num vilarejo rural onde não há absolutamente nada além de mato (nada de escolas, igrejas, hospitais, supermercados, farmácias... nadinha mesmo). Ele divide um casebre com a irmã mais velha, a mãe e a bisavó; o pai, um pregador itinerante, está sempre fora e aparece esporadicamente para visitá-los e trazer algum dinheiro. O círculo social é limitado a poucos vizinhos e parentes dali mesmo. Tudo é improvisado, a precariedade preenche cada centímetro quadrado, a magreza se transforma em inerência natural daqueles homens e mulheres. É neste desolador contexto que Satyajit centraliza o poder de sua narrativa — simples, é verdade, mas de uma eficiência exorbitante — e nos faz ter piedade dos atores da mesma forma com que os cineastas americanos operavam nos anos pós-Depressão (Luzes da Cidade, Beco Sem Saída, Vinhas da Ira) e os italianos cultivavam uma lenda no pós-Guerra (Vítimas da Tormenta, Ladrões de Bicicleta, Europa ‘51).

Nada de rodeios: A Canção da Estrada é, de longe, o mais deprimente dos três, elaborado como um documentário da Unicef, só que sem fins lucrativos. Não há momentos para ganhar fôlego, a tragédia domina a cena até o fim (a mãe permanece assolada pelas dúvidas e preocupações; o pai é idealista, mas muito azarado e distante; a filha é acusada de roubo; a bisavó, enrugada e curvada pelo reumatismo, arrasta-se pelos cantos da casa, à espera da morte, conformando-se com a decadência física e com a rejeição ou indiferença dos mais jovens). Os problemas são examinados sob o ponto de vista do pequeno Apu, mas ele é muito pequeno para entender a verdadeira essência de cada fato. Sendo assim, a fita transmite os dramas de maneira crua, sem lirismo, tal qual uma criança enxerga a face abatida da mãe sem fazer análises psicológicas, apenas vê, pede para a mãe sorrir, não ficar triste e pronto, sem a mínima noção da própria impotência perante os fatos. Apu sabe que a vida não é fácil, mas, em A Canção da Estrada, ele só conhece aquela realidade em que vive, aceitando-a sem resistência, diferentemente do pai, que é otimista e sonha com uma vida nova no meio urbano.

A partir de O Invencível, quando Apu se muda para uma cidade maior, as situações se modificam. O caráter universal sugerido pelo primeiro título da série se desmancha em parte para dar vazão a uma narrativa mais isolada. Apu, agora adolescente e órfão de pai, ganha uma bolsa de estudo em Calcutá. Na plena Índia colonial, aquela oportunidade era como ganhar na loteria. A mãe se vê diante de um conflito: por um lado, ela sonha com um futuro promissor para o filho; por outro, não quer ficar sozinha e, a princípio, pede para que Apu fique com ela e siga o ofício do pai como pregador. O rapaz, no entanto, agora ciente da realidade e das possibilidades de progresso, refuta um possível retorno ao passado miserável, preferindo aceitar a chance de estudar em Calcutá e ter uma profissão. Nesse período, faz raras visitas à mãe e, durante essas visitas, mal fala com ela. Certo dia, vai vê-la e descobre que está morta, o que o enche de arrependimento por não ter sido um filho mais presente ou carinhoso naqueles últimos anos.

Já em O Mundo de Apu, as tradições (ou superstições?) do Oriente permitem ao espectador acompanhar um inusitado diálogo do racional com o absurdo numa brincadeira do acaso. Apu, agora adulto, acompanha seu colega de faculdade a um casamento, mas o noivo em questão revela ser um doido-varrido. O casório é cancelado pelo pai da noiva, entretanto, segundo crendices locais, a moça precisa se casar na data destinada para escapar de uma maldição. Eis que o nosso herói é solicitado para se casar com a jovem, que ele jamais havia visto antes. Após refletir um pouco, aceita a missão. Leva a (inesperada) esposa para o quartinho alugado onde vive em Calcutá e, com o tempo, os dois passam a se amar. A vida dava ares de estar entrando num inédito ciclo de felicidade. Mesmo sem ganhar muito, Apu nunca esteve tão satisfeito com suas conquistas. Contudo, o roteiro de Satyajit Ray, também creditado ao escritor Bibhutibhushan Bandyopadhyay, reservava mais uma tragédia para o personagem, desta vez afunilando o alvoroço provocado pelas circunstâncias (sempre superlativas, de conseqüências devastadoras) até extrair um epílogo de resignação e perspectivas.

A biografia traçada por Satyajit percorre um caminho extenso e lento, mas sem edificações majestosas. Os personagens não têm suas vidas maquiadas ou glorificadas, não temos cinderelas nem abóboras transformadas em carruagens. A possibilidade de nos identificarmos com os fatos aqui descritos, uma vez que a temporada de vacas magras está por todos os lados, não importando em qual país ou continente estejamos, faz da trilogia um produto deprimente. A sensação de exotismo está lá a todo minuto, desde a primeira cena, mas é possível enxergar o (abundante) paralelismo com o universo ocidental de todos nós. É dessa mesma matéria-prima que os autores do neo-realismo italiano, por exemplo, moldavam seus filmes (ao contrário dos americanos, os diretores europeus se valiam de atores não-profissionais e de recursos independentes, o que também se dá na saga filmada por Satyajit). Deprimente, sim, mas com um sincero amor pelo meio com que a mensagem é transmitida. Satyajit é um artesão apaixonado pelo próprio cinema, o que se ratifica na cuidadosa escolha da equipe técnica, embora esta fosse composta, àquela época, por pessoas de pouca experiência. Notamos a incrível evolução na fotografia de Subrata Mitra a cada trabalho (dos desajeitados e tímidos ângulos de câmera em A Canção da Estrada, passamos a admirar elegantes e sofisticadas tomadas em O Mundo de Apu); a trilha de Ravi Shankar lança melodias que se ajustam com perfeição, uma a uma, ao enfoque emocional das cenas (mistério, romance, drama, desespero, etc.); a cenografia de Bansi Chandragupta é a mais fiel possível à realidade (do casebre do primeiro filme ao quartinho na pensão do último título, há sempre aquela sensação de aperto e limitação). Carregada de promessas, a conclusão nasce subitamente, como uma tempestade de verão, lavando uma fase de má sorte e trazendo a esperança de um novo começo. Fechando o zíper de ouro dessa espetacular tríade, Satyajit Ray oferece a mim (e, por conseqüência, a qualquer cinéfilo de maneira global) uma amostra do que há de mais puro e imprevisto nas (re)descobertas daquela que chamamos de sétima arte.

Resenhas e reflexões sobre grandes filmes, por Pierre Willemin.

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Postado por mfcorrea do MKO (many tks)

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