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Morangos Silvestres conta a história de um médico e professor aposentado, Isaak Borg (Victor Sjostrom), que aos 78 anos será homenageado com o título honorário da Universidade de Lund, sua cidade natal, a qual abandonara em favor de Estocolmo. Desde a véspera até a chegada em Lund, Borg é invadido por recordações do passado que confrontam o seu presente. Sonhos, devaneios e flashbacks conduzem-no a um mergulho no inconsciente, fazendo-o perceber que seu temperamento áspero e distante impossibilita o envolvimento afetivo com familiares e amigos, protegendo-o do sofrimento e, por outro lado, isolando-o. A constatação da velhice e solidão trazem a presença iminente da morte, incitando-o a repensar sua vida durante o percurso que faz até Lund. O desencadeador dessa viagem introspectiva é o sonho que teve na noite anterior à partida para a sua celebração.
Premiações
*Festival Internacional de Berlim, Alemanha
Prêmio Urso de Ouro ( Ingmar Bergman)
Prêmio FIPRESCI (Victor Sjöström)
*Festival de Cinema de Mar del Plata, Argentina
Prêmio de Melhor Filme ( Ingmar Bergman)
Prêmio de Melhor Ator (Victor Sjöström)
*Festival Internacional de Veneza, Itália
Prêmio dos Críticos Italianos de Cinema ( Ingmar Bergman)
*Globo de Ouro, EUA
Prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira
*Prêmios Bodil - Copenhague, Dinamarca
Bodil de Melhor Filme
*Sindicato dos Jornalistas Críticos de Cinema, Itália
Prêmio Fita de Prata de Melhor Diretor de Filme Estrangeiro
*Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood, EUA
Indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original
*Academia Britânica de Cinema e Televisão, Inglaterra
Indicado ao Prêmio de Melhor Filme
Indicado ao Prêmio de Melhor Ator Estrangeiro (Victor Sjöström)
Crítica
A obra de Ingmar Bergman já se encontra inscrita no cânone cinematográfico. Tal qual Machado de Assis ou Fiódor Dostoiévski para a literatura universal, só para citar dois exemplos, a produção bergmaniana é preciosa para o cinema.
Sua filmografia é vasta, mas se tivéssemos de resumi-la em uma única palavra, talvez a melhor fosse: interiores. Daí, pode-se desdobrar o que configura a grande busca do diretor: o entendimento do que se passa no coração dos homens, a angústia que qualquer um tem diante da existência e de sua finitude, as incongruências da vida a dois, o silêncio que paira, latente e lancinante, entre os homens, ainda que se fale muito e se dialogue muito. Temas universais, como se vê, ainda que quase toda sua obra tenha sido filmada na longínqua Suécia.
No caso de “Morangos silvestres”, a chave para que se penetre no longa não está presente desde seu título, um tanto obscuro, mas interessante. O interesse de Bergman no filme é flagrar a memória, uma das mais importantes ferramentas que um indivíduo tem, pois se trata de uma aliada do conhecimento.
A memória específica de que o sueco fala no filme é a de um professor de idade avançada, que tem um prêmio importante para receber na cidade onde morou, por sua contribuição como docente e como médico. Para chegar ao local da honraria, toma seu carro, e para lá segue com sua nora. No caminho, é tomado por lembranças de episódios de sua longa vida. Lembranças boas e ruins, que trazem à boca e ao coração gosto de mel ou de fel, como ocorre com qualquer indivíduo. O mergulho feito pelo personagem em suas memórias é acompanhado pelo espectador, que flagra a infância do personagem ,na qual ele costumava colher morangos silvestres, o que justifica o título dado ao filme. O idoso relembra festas, diálogos, pessoas, cores, sabores, texturas e emoções que o atravessaram ao longo do tempo.
Ainda que em preto e branco, a história é contada com belas imagens, e num ritmo lento para os padrões contemporâneos. Lentidão que cabe às recordações de alguém que já não tem mais seus vinte anos. E vale lembrar também que o longa foi rodado no distante ano de 1957, época em que Bergman dirigira outra pérola: “O sétimo selo”. Apesar de longe no tempo, o cinema de Bergman não ficou datado. Suas questões são ainda atuais, pois o ser humano é sempre ser humano, em qualquer lugar ou momento histórico.
Os filmes do cineasta evocam todo tipo de discussão: filosófica, existencial, psicanalítica. A preocupação aqui não é enveredar por nenhum desses caminhos, mas apenas descrever o êxtase gerado pela contemplação de pequenas epifanias de alguém que já percoreu uma extensa trajetória, o que Bergman faz como poucos. Ele desnuda o humano, expondo suas fragilidades, tendo a câmera como cúmplice. É como se, em certa medida, o espectador também fosse desnudado, a partir da identificação que tem com as cenas apresentadas.
São esses fatores que, somados, dão beleza, graça e vitalidade a “Morangos silvestres”. É cinema autoral, que não se faz preocupado em arrebatar grandes platéias, e que deleita olhos enfadados de efeitos visuais escalafobéticos. Um cinema que se faz sem traço algum de maniqueísmo, sem a preocupação de se colocar um herói e seu antagonista. Até porque, sabe-se muito bem, nós mesmos podemos ser nossos maiores inimigos.
Assistir ao filme é tarefa obrigatória. Mas é uma obrigação que e cumpre com extremo prazer por aqueles que se interessam por vislumbrar a dimensão do humano, e que desejam compartilhar, ainda que pela simples contemplação, a dúvida sobre o sentido da vida, a maior inquietação que temos.
Por Patrick Corrêa dos Santos Ferreira MKO 29/09/2009
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Legenda (PTBR,ENG,SPA obtidas no MKO, postadas por mfcorrea)
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