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Um dos mais importantes documentários da história do cinema mundial. Realizado em 1955, a partir de um convite feito ao cineasta Alain Resnais, pelo Comitê da História da Segunda Guerra Mundial, o filme tinha como objetivo comemorar o segundo aniversário da libertação dos campos de concentração.
Mas o impacto das imagens de Noite e Neblina, que ainda hoje assombram a humanidade, e do texto do escritor Jean Cayrol, um ex-prisioneiro do campo de Orianemburgo, suplantaram a sua intenção de memorial dos desaparecidos e transformaram-se num "dispositivo de alerta" contra o nazismo e todas as formas de extermínio.
Mesclando imagens coloridas dos campos abandonados e filmes de arquivos, Alain Resnais nos dá, segundo François Truffaut, "uma lição de história, inegavelmente cruel, mas merecida".
Crítica
Embora tenha impressionados cinéfilos do mundo inteiro na época do lançamento original e depois, ao longo dos anos, se transformado em paradigma indiscutível do gênero documentário, o filme francês "Noite e Neblina" (Nuit et Brouillard, França, 1955) nunca se tornou muito popular. É fácil entender as razões: 1) é um curta-metragem e, como tal, dificilmente passa nos cinemas; 2) documentários em geral não costumam atrair público; 3) o tema, árido, é o Holocausto, e há boa quantidade de imagens aterrorizantes dos campos de concentração nazistas, material que costuma afastar os espectadores.
Um filme assim parece ter sido talhado para o formato DVD. E "Noite e Neblina" é incontornável. Precisa ser visto, e não apenas pelos cinéfilos. O curta-metragem de 31 minutos é simples e direto, mas funciona ao mesmo tempo como uma homenagem aos nove milhões de vítimas da crueldade nazista e como alerta para aqueles que vêem o regime de Hitler como um momento que pertence ao passado da humanidade. A abordagem de Resnais é espartana, mas transita sem pausas entre o delicado e o brutal, soando como um grito lancinante contra todo e qualquer tipo de intolerância.
A produção de "Noite e Neblina" foi difícil. Resnais hesitou em dirigir a obra, pois temia ficar marcado como diretor de documentários, quando desejava filmar ficção. Ao ser apresentado ao poeta Jean Cayrol, um sobrevivente de campo de concentração, acabou convencido a embarcar na empreitada. Chamou então o músico Hanns Eisler para compor a banda sonora e passou a coletar imagens de cinejornais, fotografias e todo tipo de documento que mostrasse os campos de concentração.
O filme foi feito para comemorar o aniversário de 10 anos da liberação desses campos, em 1945, ao final da Grande Guerra. Resnais teve a idéia de viajar para os locais onde funcionaram os principais, como Auschwitz e Sachsenhausen, e filmá-los em película colorida. O choque das imagens bucólicas – amplos gramados verdes sob céu azul – com o horror dos cadáveres que repousavam nos mesmos lugares, cinzentos e sem vida, apenas alguns anos antes, cria a idéia que percorre todo o filme: o mal está à espreita, em qualquer lugar, a qualquer tempo. É preciso estar sempre atento para que ele não engolfe as cores do mundo.
Em entrevistas posteriores, Resnais confessou que sempre pensou em "Noite e Neblina" como uma sutil condenação à decisão francesa de invadir a Argélia, fato ocorrido na época do lançamento do filme. Embora não haja qualquer menção a isso durante a película, a idéia encaixa perfeitamente no texto delicado, mas firme e cortante de Cayrol. Sim, é um filme sobre o Holocausto, e está repleto imagens da brutalidade inimaginável dos campos de concentração (pilhas de cadáveres mutilados, paredes de câmaras de gás arranhadas pelas unhas dos prisioneiros à beira da morte), mas o filme não deseja simplesmente impressionar através da violência. Ele está além do Holocausto.
É na combinação de três fatores que resulta a beleza de "Noite e Neblina": o contraste entre imagens da guerra e do pós-guerra, a doçura cortante do poema de Jean Cayrol e a delicadeza da música melancólica de Hanns Eilser. Ou seja, este não é um documentário jornalístico, frio e objetivo. Pelo contrário. Imagem, som e texto compõem uma espécie de sinfonia audiovisual que, nas palavras de François Truffaut, é uma "aula de história cruel mas merecida". É isso.
Rodrigo Carreiro
Premiações
Indicado ao BAFTA em 1961 e ganhou o Premio Jean Vigo para curta metragem em 1956.
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