Traduzido para 25 línguas e com mais de um milhão de exemplares vendidos, 1001 filmes para ver antes de morrer inclui obras de mais de 30 países e revela o que há de melhor no cinema de todos os tempos. Mais de 50 críticos consagrados selecionaram 1001 filmes imperdíveis e os reuniram neste guia de referência para todos os apaixonados pela sétima arte.

Ilustrado com centenas de cartazes, cenas de filmes e retratos de atores, o livro traz lado a lado as obras mais significativas de todos os gêneros - de ação a vanguarda, passando por animação, comédia, aventura, documentário, musical, romance, drama, suspense, terror, curta-metragem ficção científica. Organizado por ordem cronológica, este livro pode ser usado para aprofundar seus conhecimentos sobre um filme específico ou apenas para escolher o que ver hoje à noite. Traduzido para 25 línguas e com mais de um milhão de exemplares vendidos, "1001 filmes para ver antes de morrer" inclui obras de mais de 30 países e revela o que há de melhor no cinema de todos os tempos.
É claro que eu, amante das duas coisas Sétima Arte e Listas , não podia deixar passar a oportunidade de trazer para vocês a lista dos filmes e os respectivos links na nossa querida mulinha que vai trabalhar sem parar por um bom tempo...rsrsrs
Lembrem-se que as datas e traduçoes dos títulos dos filmes segue a lista do livro e não do IMDb.
Sempre que necessitarem de fontes na mula é só solicitar. Abraços a todos.

NOSSOS DIRETORES

terça-feira, 30 de novembro de 2010

474. O BAILE DOS BOMBEIROS (1967)

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Numa pequena cidade do interior da Tchecoslováquia, o corpo de bombeiros local está em festa para comemorar o aniversário de 86 anos de idade do ex-chefe. Toda a população foi convidada para a grande celebração. Mas as coisas não estão saindo como se planejava. Primeiro, há um malandro na festa roubando os prêmios do bingo; e os bombeiros estão tendo dificuldade para selecionar as garotas que irão concorrer no concurso da mais bela Miss Corpo de Bombeiros - isso porque não há candidatas e, quando aparece uma, ela não é exatamente bela.
Considerado pela crà­tica como um marco na filmografia de Forman, logo após a invasão da Tchecoslováquia pela URSS esse filme foi proibido e banido, precipitando desta forma a mudança do diretor para os EUA.

Premiação

Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1969.

Crítica
Era uma vez, na segunda metade dos anos 60, um cinema tcheco. Claramente influenciado pela novelle vague francesa, jovens diretores retratavam na tela o anseio por um pais mais livre, sem a vigilância de um Estado ditatorial. Era a chamada Nova Onda Tcheca. Toda um geração de cineastas veio desta fase: em 1963, Vojtech Jasny lançou o hoje cult Um Dia, Um Gato, vencedor do Prêmio Especial do Juri do Festival de Cannes daquele ano. No ano seguinte, Jan Kadar dirigiu A Pequena Loja da Rua Principal e levou para casa o Oscar de melhor filme estrangeiro. O feito se repetiu em 1967, quando Jiri Menzel realizou Trens Estreitamente Vigiados.

Dentro destes nomes, o mais sucedido foi, sem dúvida, Milos Forman. Ele surgiu justamente nesta época. Sua estréia na direção de longas ocorreu em 1964, com o filme Pedro, o Negro. Forman já demonstrava enorme sensibilidade ao contar a história de um rapaz de classe inferior que trabalhava como vigia de um supermercado, cortejava a moça mais bonita da escola e, ao mesmo tempo, recebia uma educação do pai das mais severas. No ano seguinte, com a comédia amarga Os Amores de uma Loura, passou a ser reconhecido internacionalmente. Seu filme foi indicado aos Oscars de filme estrangeiro. Em 1967, voltou a fazer sucesso com esse O Baile dos Bombeiros, novamente agraciado com uma nomeação ao prêmio da Academia.

Com a tomada da cidade de Praga pelos tanques russos na mais famosa de suas primaveras, lábios foram selados e a liberdade de expressão colocada de lado. Obrigado a optar entre sujeitar-se à censura prévia ou a desligar sua câmera, Forman resolveu enfrentar o desafio de mudar de paí, de continente, de lí­ngua, de culturas e hábitos. Foi morar na terra do cinema. E como a geografia não represa o talento, o diretor tornou-se um dos mais respeitados da sua geração. Fama esta construída ao longo de 30 anos de serviços prestados em solo ianque e ei“ pasmem! - apenas sete filmes no currículo. Tal e qual Robert Altman e Woody Allen, talvez os maiores ícones da filmografia americana contemporânea em atividade hoje, Forman é referência para outros cineastas em início de carreira e daqueles que fazem com que atores embarquem em seus projetos antes mesmo de ler o roteiro. Não seria exagero afirmar que dois ou três dos maiores filmes americanos dos últimos 30 anos devem ser debitados na conta de Forman.

O Baile dos Bombeiros foi o último filme que Forman realizou antes de embarcar para os EUA e seu primeiro trabalho em cores. Lançado numa época em que a antiga Tchecoslováquia dispunha de pouca ou nenhuma liberdade cultural, o filme teve enorme restrição por parte da censura imposta pelo regime comunista do país. As autoridades observavam na história de um grupo de bombeiros que organizam um baile para presentear o seu comandante mais idoso, uma espécie de retrato dos problemas estruturais pelos quais a Thecoslováquia atravessava. A burocracia (a demora na escolha da rainha do baile), a ineficiência das autoridades públicas (o atraso dos bombeiros para apagar o incêndio no final), a escassez de bens de consumo(os pequenos furtos das prendas cometidos pelos participantes da festa) etc.

De sua parte, Milos Forman sempre negou estas acusações. Na edição americana do DVD, o diretor concede uma entrevista bastante elucidativa, dizendo que a intenção foi apenas realizar uma comédia ligeira, sem qualquer conotação política. A própria duração da fita “ pouco mais de 70 minutos “ comprovaria isso. Segundo Forman, a implicância do governo em censurar partes do filme ou até mesmo o filme inteiro - era a maior prova da estupidez e da insegurança do regime, sempre propenso a se perpetuar no poder e esconder as mazelas da administração através da limitação do direito de expressão dos administrados (mais tarde, como a historia nos contou, a queda de um certo muro, localizado numa certa cidade alemã, trouxe à tona os profundos problemas econômicos dos países comunistas do leste europeu).

Hummm. Comédia ligeira? Mero passatempo? Difícil acreditar. Basta observar o conjunto da obra de Forman, e nela vamos perceber a presença constante da temática política. Logo na sua estréia, no já citado Pedro, o Negro, o garoto Peter sofre com a educação quase que militar do pai. Sua expressão de passividade, sua subserviência enquanto o patriarca desfila suas lições de moral, são emblemáticas. Ainda que de forma sutil, o diretor usa a instituição familiar (pais versus filhos) para construir com eficiência a metáfora da relação dos cidadãos tchecos com o estado autoritário. Anos depois, já em solo americano, ao adaptar o livro de Ken Kesey, Um Estranho no Ninho, talvez seu filme mais famoso, Forman troca o ambiente familiar pelo hospitalar, e mantêm-se fiel à sua temática: a dominação do particular pelas instituições. A enfermeira vivida por Louise Fletcher é, antes de um personagem, um símbolo. Ainda nos anos 70, Forman trouxe para as telas sua versão de Hair, cujo conteúdo político é a própria essência do filme. Na década de 80, com Na Época do Ragtime, adaptado da obra de Doctorow, o cineasta toca na ferida do racismo e, como não podia deixar de ser, investiga a dominação do negro por um estado dominado por brancos. Mais recentemente, em O Povo Contra Larry Flynt, Forman volta suas atenções novamente (e dessa vez de forma mais explícita) à relação do indivíduo e o estado. Para tanto, foi buscar seu cenário perfeito no mundo da pornografia e na luta obstinada que o editor da revista Hustler empreende contra as autoridades americanas que teimam em proibir a divulgação do seu material.

Diante destas evidências, parece difícil negar que O Baile dos Bombeiros tem intenções mais ambiciosas do que ser uma simples comédia passageira. Na verdade, Forman utiliza-se de um expediente comum aos cineastas de países com forte repressão política. Para driblar a censura, os artistas valiam-se das simbologias e metáforas para discutir os temas que realmente importavam. Na época franquista, por exemplo, Carlos Saura cansou de fazer filmes alegóricos (Ana e os Lobos, Cria Cuervos, A Prima Angélica, etc.), em que os personagens não representavam pessoas propriamente ditas, mas sim as instituições oficiais, como o exército, a igreja e a família. No Brasil mesmo, durante a ditadura militar, cineastas como Glauber Rocha, Cacá Diegues e Arnaldo Jabor faziam das tripas coração para que os censores não percebessem as mensagens decodificadas. Por vezes, como por exemplo em Barravento (1962), de Glauber Rocha, o roteiro era tão alegórico, que os espectadores saiam do cinema sem entender onde estava o começo, o meio e o fim.

Talvez para o público de hoje, do pós-Muro de Berlim, seja difícil captar o impacto da obra na Tchecoslováquia e a reação das autoridades às mensagens veladas. Mas o lado mais irônico de tudo isso é que, mesmo abstraindo as entrelinhas políticas (ou até mesmo para quem não as perceba), O Baile dos Bombeiros funciona. A ambientação, os atores não profissionais, a escolha de pessoas não propriamente bonitas (ao contrário do padrão, as meninas escolhidas para o concurso de rainha do baile estão a anos luz do protótipo de beleza), a espontaneidade, o humor por vezes ingênuo, enfim, tudo colabora para sentirmos a veracidade daquela história. O plot é simples: os bombeiros de um vilarejo decidem dar um presente ao chefe da corporação, já com seus 86 anos e devidamente aposentado. Decidem oferecer ao velhinho um machado em miniatura dentro de um estojo luxuosamente embalado. A entrega caberá à rainha do baile, escolhida durante a festa, dentre as moças ali presentes. Uma série de incidentes ocorrem no transcurso do evento, todos deles tratados com humor e muita sensibilidade. Ao final, um incêndio numa cabana de um morador da região fará com que os bombeiros abandonem seu baile e assumam suas funções.

Os mais acostumados à carreira americana de Forman, construída à base de filmes mais imponentes, mais longos, mas não por isso menos profundos ou de menor qualidade (pelo contrário, como não gostar de Amadeus?), é curioso assistir, com os olhos de hoje a O Baile do Bombeiros. Uma fita que o diretor consegue aliar humor, sensibilidade, simplicidade e sutileza, sem perder de vista seus temas mais caros, sua coerência artística

Por Régis Trigo

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