Traduzido para 25 línguas e com mais de um milhão de exemplares vendidos, 1001 filmes para ver antes de morrer inclui obras de mais de 30 países e revela o que há de melhor no cinema de todos os tempos. Mais de 50 críticos consagrados selecionaram 1001 filmes imperdíveis e os reuniram neste guia de referência para todos os apaixonados pela sétima arte.

Ilustrado com centenas de cartazes, cenas de filmes e retratos de atores, o livro traz lado a lado as obras mais significativas de todos os gêneros - de ação a vanguarda, passando por animação, comédia, aventura, documentário, musical, romance, drama, suspense, terror, curta-metragem ficção científica. Organizado por ordem cronológica, este livro pode ser usado para aprofundar seus conhecimentos sobre um filme específico ou apenas para escolher o que ver hoje à noite. Traduzido para 25 línguas e com mais de um milhão de exemplares vendidos, "1001 filmes para ver antes de morrer" inclui obras de mais de 30 países e revela o que há de melhor no cinema de todos os tempos.
É claro que eu, amante das duas coisas Sétima Arte e Listas , não podia deixar passar a oportunidade de trazer para vocês a lista dos filmes e os respectivos links na nossa querida mulinha que vai trabalhar sem parar por um bom tempo...rsrsrs
Lembrem-se que as datas e traduçoes dos títulos dos filmes segue a lista do livro e não do IMDb.
Sempre que necessitarem de fontes na mula é só solicitar. Abraços a todos.

NOSSOS DIRETORES

sábado, 2 de outubro de 2010

442. JULIETA DOS ESPÍRITOS (1965)

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Numa casa de campo, Julieta passa seus dias sossegada com seu marido. Porém, durante seu aniversário de casamento, suas irmãs aparecem para a festa, e trazem um guru psíquico, que faz uma evocação de espíritos. À partir deste evento, Julieta começa a ser atormentadas por visões do outro mundo, que parecem tentar mostrá-la os rumos de sua vida, bem com a traição do marido. Mas, seriam estes espíritos amigos?

Premiações
* Globo de Ouro - Melhor filme em língua estrangeira.
* Indicado ao Oscar de Melhor direção de arte e de melhor figurino.
* Fita de Prata de Melhor fotografia do Sindicato dos Jornalistas Críticos de Cinema, Itália.
* Fita de Prata de Melhor cenografia do Sindicato dos Jornalistas Críticos de Cinema, Itália.
* Fita de Prata de Melhor atriz coadjuvante (Sandra Milo) do Sindicato dos Jornalistas Críticos de Cinema, Itália.

Crítica
Julieta vive numa bela casa perto da praia, É uma mulher espiritual, supersticiosa e ingénua. Um dia, visita um psíquico que lhe diz que tem de seguir o caminho do sexo para ser feliz. Pouco depois, conhece a sua excêntrica e sexual vizinha que a encoraja a praticar actividades sexuais que a fazem sentir nervosa e culpada. Uma noite ela apanha o marido a falar com outra mulher ao telefone. Ele disfarça e ela teme que o marido a abandone por outra. Julieta começa a ter visões que a aterrorizam. Ela acaba por entender nessas visões que ficava melhor sem marido e torna-se emocionalmente emancipada.

O primeiro filme a cores de Fellini. Um facto que ajuda a interpretar uma mudança de rumo tão brusca, apesar de precedido pelo visionário e também fantástico Otto e Mezzo. É operado um corte definitivo com o neo-realismo, influência brutal no seio da sua arte, mas que é abandonada apartir daqui. O realizador constroi uma ópera de puras imagens surreais e mirabolandes, com base nas suas reminiscências e na mentira, dentro dos domínios do grotesco e do exótico. Imagens essas que são encenações do estado interior das suas personagens, e da sua visão desinibida do mundo. Esta nova forma de fazer filmes, aliada e intrinsecamente dependente de um novo conceito estético, é também ela um processo de caracterização revolucionário, que previlegia novos ritmos, e novas acepções de captura emocional, baseadas numa linguagem muitas vezes simbólica, e numa transmissão subconsciente e familiar - traduzindo por si, de acordo com o realizador uma nova, e mais natural aproximação ao real.

Nas palavras do próprio, numa entervista a Pierre Kast: "Há um motivo que prepassa em todos os meus filmes, é a tentativa de uma libertação dos esquemas convencionais, um esbatimento das regras morais, ou seja, uma tentativa de encontrar os autênticos ritmos da vida, dos modos de vida, das cedências vitais, que se opõem a uma forma inautêntica da vida". Apesar de sequências embrionárias da explosão do estilo que o veio a tornar um cineasta marginal, em relação a qualquer forma ou enquadramento artístico dentro do mesmo âmbito (entre as quais, de destacar a sequência da festa de carnaval em I Vitelloni, ou o barroquismo das festas aristocráticas em La Dolce Vita), é com Guilietta Degli Spiriti que o cineasta se afirma como autor e psicólogo de uma nova aproximação ao real, e conclusivamente, a uma nova aproximação à arte cinematográfica.

Há que mergulhar dentro de um universo paralelo ao do cinema convencional fundamentado na escola americana, a que este tipo se opõem bruscamente, para podermos tirar proveito dele. São idealizações diferentes, quanto ao processo fenomenológico do conhecimento, e a dimensão cinematográfica, juntamente com a sua relação de dependência durante o processo de visualização. Fellini parte igualmente de uma premissa relativamente linear, cujas raízes penetram na experiência comum, e o acontecimento tem a sua origem no quotidiano, para oferecer um retrato pessoal da mente humana, aquando de determinados problemas, que se revelam em torno de um principal. Novamente, a influência e a dependência social, tal como o sexo são temas recorrentes. Desta vez são tratados sob um prisma particular, que reside no carácter de Giulietta (personagem), e na interpretação de Giulietta (Masina, sua mulher) - o medo, a insegurança, e a impotência. Nascem apartir de sentimentos de alguma constância, e de algumas e particulares emoções fortes, os fantasmas e as visões de um pitoresco mirabolante, que a atormentam ao longo do filme. Verifiquei a preciosa preocupação de traçar uma gradação quer do ponto de vista visual, quer quanto à densidade psicológica do filme por parte de Fellini, que corresponde à progressiva alienação da personagem chave, com origem no estado misantrópico da sua mente. A psicanálise tem um papel importantíssimo no filme, como influência das caracterizações dos espíritos, espelhos exteriores da alma humana (nota para a pista lançada ao início pelo jogo de espelhos e pelas perucas), evocados para uma dissecação profunda da psique de Giulietta.

É de bom tom evocarmos as referências cartoonistas e circenses, practicamente omnipresentes em toda a sua obra, mas que porém, ganham a aqui um novo significado, e são parte de um apreciável exagero, de um barroco grotesco na captura, que por muitas vezes nos dá relances de fetichismo por parte do autor, previligiando muitas vezes uma atitude puramente fisionómica e erótica. A cor, só por si é um acontecimento. É notável o contraste sentido muitas vezes na transição dos planos, devido ao tom espampanante e carnavalesco da paleta de cores utilizada, e pelo prezo em relação à contradição e confusão, tão admiradas e utilizadas por Fellini em quase todas as suas obras. Aqui, é também uma chave, pois podemos destinguir uma intervenção directa, e omnipresente (estamos a falar da fotografia...) de temáticas características, mas anteriormente pouco exploradas, que no fundo são o filme. O filme ganha uma aura surreal, acompanhada de grande actualidade, não só pelo seu estilo desenquadrado, apesar de embebido em psicadelismos (o próprio maestro afirma ter administrado LSD para o design de alguns exteriores e personagens), mas pela prospecção de temas e pressupostos extremamente pertinentes. Não foram poupadas despesas (Elefantes... Planadores... Barcos....); a cenografia é absolutamente espantosa e toda ela sugestiva; a banda sonora de Nino Rota acompanha o carnaval.

Quanto à construcção visual, predominam meias figuras, com bastantes grandes planos e insertos/planos-detalhe; mas intercalados por outros tantos campos largos, e paisagens de sonho. Notas para encaixes deliciosos com televisões, brechas e espelhos; para a pequena profundidade de campo, para os enquadramentos em cadrage e para um certo desprezo/ausência pelos foras de campo, aquando principalmente de uma contemplação do deslumbro visual oferecido. Essencialmente, e de acordo com a minha concepção de bom cinema - coerência. Um pleno triunfo do autor, e do seu cinema-mentira, como tanto gostava de exaltar, em relação a uma verdade incompleta e menos prazenteira. Antecede e nasce de outros fundamentos, mais explícitos que os seus filmes posteriores: Satyricon e Roma, que compartilham muita da sua mise en scéne, e de um certo avant-guardismo erudito de alto teor individual, inaugurado com Giulietta Degli Spiriti.
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