



Chuva, neblina, frio e poluição assolam a cidade industrial de Ravenna, na Itália. Ugo, o gerente de uma usina local, é casado com Giuliana, uma dona de casa que sofre de problemas psicológicos. Numa viagem à Patagônia, ela conhece o engenheiro Zeller, o que pode mudar sua vida. Em O Deserto Vermelho, Antonioni, no auge de sua forma, aborda os temas centrais de sua filmografia: a incomunicabilidade e a solidão do homem contemporâneo.
Prêmios
Vencedor do Leão de Ouro e do Premio FIPRESCI em Veneza no ano de 1964
Crítica
Em meio a fábricas, fumaça, cinzas, Antonioni começa o que viria a ser a sua mais nova antologia poética; Aqui, a cinebiografia do mestre italiano fica novamente retratada. O cineasta que melhor sabe exprimir o poder e o valor dos sentimentos humanos através da película [e aqui, da ausência de trilha sonora] abusa de um ritmo lento, quase parando. Exatemente como o coração de sua protagonista Giulianna, interpretada brilhantemente por uma Monica Vitti confusa, tensa, volúvel e inquieta. A musa do diretor novamente volta a cena, mantendo certos trejeiros soturnos e misteriosos do que já foi explorado na chamada Trilogia da Vida, com A Noite, O Eclipse e A Aventura, mas em O Deserto Vermelho, a tristeza da personagem é algo tão forte quanto eclíptico. Justamente. Na fita, a protagonista sente uma dor incomensurável em não ser compreendida e em permanecer em total realidade a parte da dos outros destacados.
O Deserto Vermelho mostra um verdadeiro balé silencioso, onde os sentimentos nunca são extravasados, a essência que remete a personalidade da atriz-mestre não ultrapassa uma faceta comedida e assustada. Como em Persona, do mestre sueco Bergman, Monica Vitti se torna uma Anika Ekberg, presa às suas próprias frustrações, sintetizadas em forma de incompreensão e abstração. Esse caldo é fixo a uma realidade transitória como os barcos que marcam o filme, aqueles mesmo que vêm cercados de névoa e marcam a chegada da 'pólio' e do medo. Os sentimentos de Giuliana são cíclicos, até porque tudo vai. E não volta. Se volta, acontece de forma diferente, brutalmente marcado por rancores e incongruências. É assim que ela encara as voltas que dá a realidade cada vez que desperta de suas crises de pânico e pavor. De solidão e escuro. Cada vez que volta, retorna novamente, mas cada vez mais e mais fragmentada. Até o insuportável. Não vejo o final do filme como uma leitura redentora de Michelangelo, mas como a única saída esperada por ela: fechar-se em si mesma e fugir. Como uma eterna fuga. Em o Deserto Vermelho, os sentimentos são ainda mais rarefeitos que o fog que se dissipa no céu ou que às águas turvas de um porto poluído e sujo.
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