Traduzido para 25 línguas e com mais de um milhão de exemplares vendidos, 1001 filmes para ver antes de morrer inclui obras de mais de 30 países e revela o que há de melhor no cinema de todos os tempos. Mais de 50 críticos consagrados selecionaram 1001 filmes imperdíveis e os reuniram neste guia de referência para todos os apaixonados pela sétima arte.

Ilustrado com centenas de cartazes, cenas de filmes e retratos de atores, o livro traz lado a lado as obras mais significativas de todos os gêneros - de ação a vanguarda, passando por animação, comédia, aventura, documentário, musical, romance, drama, suspense, terror, curta-metragem ficção científica. Organizado por ordem cronológica, este livro pode ser usado para aprofundar seus conhecimentos sobre um filme específico ou apenas para escolher o que ver hoje à noite. Traduzido para 25 línguas e com mais de um milhão de exemplares vendidos, "1001 filmes para ver antes de morrer" inclui obras de mais de 30 países e revela o que há de melhor no cinema de todos os tempos.
É claro que eu, amante das duas coisas Sétima Arte e Listas , não podia deixar passar a oportunidade de trazer para vocês a lista dos filmes e os respectivos links na nossa querida mulinha que vai trabalhar sem parar por um bom tempo...rsrsrs
Lembrem-se que as datas e traduçoes dos títulos dos filmes segue a lista do livro e não do IMDb.
Sempre que necessitarem de fontes na mula é só solicitar. Abraços a todos.

NOSSOS DIRETORES

sábado, 13 de março de 2010

309. TUDO O QUE O CÉU PERMITE (1956)

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Cary Scott é uma respeitável viúva da alta classe média, que sente-se frustrada mas reencontra o amor ao se apaixonar por Ron Kirby, seu jardineiro. Apesar de ser 15 anos mais velha e ter um casal de filhos já crescidos, ela decide assumir esta paixão. Entretanto Cary encontra preconceito em vários de seus amigos íntimos e até mesmo nos filhos, que não aceitam que a mãe tenha tal relação.

Crítica
Douglas Sirk será sempre lembrado como o mestre supremo do melodrama. Por cerca de dez anos, realizou uma série de trabalhos para a Universal que lotavam as salas de cinema e que dobravam as vendas de lenços de papel. Eles eram recebidos com frieza pelos críticos da época; hoje, porém, a situação é inversa. Filmes como Sublime Obsessão e Almas Maculadas são menosprezados pelo grande público e laureados por cinéfilos e especialistas do mundo inteiro. A revista francesa Cahiers du Cinéma foi uma das pioneiras a reconhecer a importância de Sirk. Então vieram os elogios de cineastas consagrados. Rainer Werner Fassbinder era o seu mais devoto seguidor; Pedro Almodóvar estudou sua filmografia como uma lição de casa; e Todd Haynes quis copiá-lo uma vez.

Palavras ao Vento é sempre citado como “a obra-prima de Douglas Sirk”. É um belo trabalho, mas meu favorito tende a ser o romântico Tudo o que o Céu Permite, de 1955 (ainda que Imitação da Vida, de 1959, esteja lá, coladinho, quase ocupando a vaga). É mais um daqueles filmes com uma história de amor impossível, com um casal lutando para ficar junto em meio a um ambiente hostil e antagônico, mas tudo filmado com um estilo singular. E que estilo!
Imaginem: uma viúva rica, de boa aparência, na casa dos cinqüenta, mãe de dois filhos adultos, apaixona-se por um jardineiro pobre, quer se casar com ele e viver num velho moinho reformado. Parece a sinopse de alguma telenovela mexicana ou uma produção do tipo que a Regina Duarte estrela a cada dois anos na rede Globo. Pois nas mãos de Douglas Sirk, o roteiro se transforma numa obra de arte. Sem exageros.

A marca registrada do diretor era o visual cafona, com cenários supercoloridos, muito glamour, heróis corretos e vilões exageradamente cruéis, artifício que tentava mascarar críticas severas à sociedade americana do pós-Guerra. Seus temas prediletos eram pauta de discussão política e religiosa: adultério, racismo, luta de classes, alcoolismo, riqueza, sexualidade, etc. O estilo folhetinesco tornava esses assuntos menos chocantes para o público da época e, ao mesmo tempo, tornava-os ainda mais diretos. Quem não fica comovido com Imitação da Vida, por exemplo, em que a empregada negra de uma famosa atriz é repudiada pela própria filha por causa de sua origem étnica? Estava lançada uma proposição contundente à filosofia. Ora, não é isso o que os autores de novela costumam fazer hoje em dia?

O velho moinho que Ron Kirby (Rock Hudson) reforma para morar é a representação simbólica de Cary Scott, interpretada por Jane Wyman. Ela também está velha, ainda que muito bem-conservada, e passa a idéia de ser uma mulher fria, quase assexuada, com relação aos homens ricos que se aproximam, no entanto ela fica mais rejuvenescida — e até mais sensual — após iniciar um romance com seu jardineiro. Daí, como já era aguardado, ela deve enfrentar o olhar reprovador da alta sociedade e a incompreensão dos dois filhos. Todo mundo acha que ela deve, sim, casar-se de novo. Mas com um homem mais jovem e, ainda por cima, um jardineiro pobretão!!? Já é demais...

Cary pensa em ceder. Com enorme sofrimento, ela decide romper seu namoro com Ron e, com isso, recupera o respeito dentro de casa. Mas o que será dela quando seus filhos, que já são praticamente adultos, forem embora? Uma cena em particular, ambientada numa festa de Natal, é a mais memorável do filme, um ponto-chave que definirá o futuro dos personagens.

Tudo o que o Céu Permite foi diversas vezes fruto de releituras. Fassbinder deu um toque mais brutal e realista ao tema com O Medo Devora a Alma, de 1974, ao narrar a história de uma sexagenária que é marginalizada por todos ao se casar com um imigrante marroquino 20 anos mais jovem. Longe do Paraíso, de 2002, do americano Todd Haynes, trouxe à tona a mesma hipocrisia e intolerância racial e foi, de todas, a refilmagem mais próxima do original, ainda que elementos tenham sido modificados ou acrescentados. As duas versões mais modernas são excepcionais também, vale dizer. A conclusão que se chega é a de que Douglas Sirk estave à frente de seu tempo. Rever sua obra é uma experiência prazerosa, excitante.

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