Traduzido para 25 línguas e com mais de um milhão de exemplares vendidos, 1001 filmes para ver antes de morrer inclui obras de mais de 30 países e revela o que há de melhor no cinema de todos os tempos. Mais de 50 críticos consagrados selecionaram 1001 filmes imperdíveis e os reuniram neste guia de referência para todos os apaixonados pela sétima arte.

Ilustrado com centenas de cartazes, cenas de filmes e retratos de atores, o livro traz lado a lado as obras mais significativas de todos os gêneros - de ação a vanguarda, passando por animação, comédia, aventura, documentário, musical, romance, drama, suspense, terror, curta-metragem ficção científica. Organizado por ordem cronológica, este livro pode ser usado para aprofundar seus conhecimentos sobre um filme específico ou apenas para escolher o que ver hoje à noite. Traduzido para 25 línguas e com mais de um milhão de exemplares vendidos, "1001 filmes para ver antes de morrer" inclui obras de mais de 30 países e revela o que há de melhor no cinema de todos os tempos.
É claro que eu, amante das duas coisas Sétima Arte e Listas , não podia deixar passar a oportunidade de trazer para vocês a lista dos filmes e os respectivos links na nossa querida mulinha que vai trabalhar sem parar por um bom tempo...rsrsrs
Lembrem-se que as datas e traduçoes dos títulos dos filmes segue a lista do livro e não do IMDb.
Sempre que necessitarem de fontes na mula é só solicitar. Abraços a todos.

NOSSOS DIRETORES

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

304. RASTROS DE ÓDIO (1956)

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Um veterano do exército confederado, volta para a casa de seu irmão após anos de luta no exército americano. Logo após sua chegada, a casa é atacada por índios, que matam seu irmão, cunhada, sobrinhos e raptaram sua sobrinha. A partir daí ele e um sobrinho adotado começam uma caçada que dura anos a procura de sua sobrinha caçula, e dos índios que a seqüestraram.

Crítica
"Rastros de Ódio" é considerado por muitos críticos o maior filme que John Ford já realizou. Pessoalmente, considero este e "No Tempo das Diligências" de 1939, suas maiores realizações. Porém temos de considerar que "Rastros de Ódio" é uma obra muito mais madura de Ford, e uma espécie de síntese da carreira vitoriosa no cinema, de um homem que praticamente criou e consolidou um gênero: o Western.

Existem vários aspectos a serem abordados neste filme. A princípio a trama é absolutamente comum, os índios vilões, contra o americano herói. Mas com um olhar mais aprofundado neste filme, percebemos muitas sutilezas que Ford quis mostrar. Primeiramente na construção do personagem Ethan, interpretado por John Wayne. Ford constrói um homem sério, destruído, amargurado, um verdadeiro soldado americano, que não permite para sí mesmo a idéia da derrota, já que perdeu a Guerra Civil, mas nunca vai perder a noção de honra e dever.

Percebemos isto logo no começo do filme. Quando os índios vão atacar, e o Reverendo local faz Ethan jurar obediência a ele, para combaterem os Comanches, Ethan logo diz : "Já fiz um juramento a Federação".

Outro personagem interessante de ser comentado é Martin, filho adotado do irmão de Ethan. Na verdade foi este que o salvou muitos anos atrás em um ataque de índios na casa de sua verdadeira família. Martin na verdade é um mestiço, fato que causa em Ethan um certo desprezo, mas é ele que parece estar mais preocupado em encontrar sua meio irmã, Debbie, mais preocupado do que o verdadeiro tio, que demonstra estar mais interessado em matar os índios, e até mesmo matar a sua sobrinha se esta tiver, através do tempo, assimilado a cultura indígena, e ter se transformado em índia também. Mas é com um mestiço, que ele próprio salvou tempos atrás, que durante 5 anos eles vasculham todo o deserto à procura de sua sobrinha. Seria tudo isto um castigo para Ethan que no passado abandonou sua família para se alistar no exército. Esta brilhante construção central dá a tônica principal ao filme.

A construção dos personagens femininos também é muito interessante, Ford deixa transparecer que naquela época só as mulheres sabiam ler. As diversas cartas que Martin manda para Laurie, sua namorada, nunca é lida por nenhum homem. Ou seja enquanto os homens trabalhavam para a construção de um oeste forte e soberano, as mulheres iam para a escola. A própria mãe de Laurie diz em um certo momento que são elas que dão força e sustentação para a construção do Texas. Outro aspecto a ser abordado é a espera de Laurie durante anos, aguardando a volta de Martin, até que um dia ela se cansa de esperar, e se casa com outro, deixando transparecer que muitas mulheres tiveram que passar por isso na época, principalmente aquelas que tinham seus namorados, ou maridos alistados no exército da Federação.

Ford constrói também um personagem com problemas mentais, mas que na verdade é o mais lúcido naquele meio, e que consegue prever tudo o que vai acontecer antes de todo o mundo, como um cego que tudo vê. Cabe também uma análise sobre o papel do índio no filme. Ford não os trata só como os vilões da trama, tanto que em um determinado momento Debbie, agora já transformada em índia, diz ter muito orgulho de ser o que é. Mesmo assim os índios são vistos como vilões, e transmitem raiva para o público. Apesar desta questão, entre brancos e índios, ser secundária, o que importa mesmo é abordar bem a amargura de Ethan. Não podemos esquecer também que a região que se passa o filme era uma região de muitas mistura de raças, índios, mexicanos e americanos, e aquele, era o momento decisivo de consolidação do território.

A meia hora final é cheia de reviravoltas e cenas de grande impacto. Com o tempo Ethan começa a adquirir carinho e respeito por Martin, tanto que faz um testamento onde deixa todo o seu dinheiro para Martin após sua morte. Outra cena belíssima é o momento do encontro entre Martin, Ethan, e Debbie. Ethan percebe que esta se transformou em uma índia e resolve matá-la, Martin se põe na frente da meia irmã impedindo, Debbie sai correndo, Ethan vai atrás até que ela escorrega e cai. O tio olha bem para ela e, ao invés de atirar, a pega no colo e diz "Let’s go home, Debbie". Este é, sem dúvida, um dos mais belos planos do cinema . A cena final é um daqueles raros momentos de beleza que só o cinema pode proporcionar. Ethan vai partir, mas antes se vê Martin com Laurie e Debbie. Neste momento a camêra vai para dentro da casa, e mostra Ethan de costas partindo, se afastando; ele hesita um pouco como se quisesse também integrar-se ao conforto daquela ordem, que ele sabe com que preço foi restaurada. Mas logo, Laurie e Martin, entre beijos de namorados, pedem passagem; Ethan cede o passo e eles entram. Novamente só, Ethan contempla da entrada da varanda a harmonia restabelecida. Dá meia volta. O seu futuro é permanecer na paisagem, é dissolver-se na luz vermelha do Monument Valley. O guerreiro jamais ficará em paz com a sua guerra. A vida dele não era ficar alí, ele já tinha cumprido sua missão e, se tinha alguma dívida, já havia pago. Agora só resta partir, deixando alí as sementes para a continuação da história do Oeste.

A música de Max Steiner e a bonita fotografia de Winton C. Hoch pelo processo VistaVision, tirou o máximo proveito das belas locações no Monument Valley, cenário favorito de Ford, e colaboram muito para a força do filme. Apesar de mal recebido na época do lançamento, ele conseguiu se impor através dos anos, e hoje figura como um dos mais perfeitos retratos da solidão e amargura humana. Ethan é um herói romântico castigado pelo seu destino de perdedor. Não tem recursos para se agregar a nova sociedade que então se molda, permanece à margem, escorado num código moral primitivo, é um selvagem, ainda que vista a roupa dos brancos. É uma espécie de Ulisses que não pode voltar para casa depois de ter perdido a Guerra Civil, derrota que jamais aceitará.

Martin, um mestiço de branco com índio que foi salvo ainda menino por Ethan, assume a função de domar o bicho John Wayne, valendo-se seja da sensibilidade dos brancos, seja da sensibilidade dos índios, de que só ele dispõe.
Artigo de Carlos Augusto Calil para a Folha de São Paulo no dia 29/01/95

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